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quarta-feira, 29 de junho de 2011

A Companhia


O porta-retrato, o vaso de flor.
Estranhamente sentada em um lugar que não era o dela, como o de costume, aos pouquinhos ia tomando café na xícara que era para ser de presente de Natal para alguém de sua família. O desenho era natalino, a cor vermelha, o azul noite e os pontinhos luminosos brancos caindo e deixando o chão neve. Parecia estar frio ali, mas o café quentinho tirava a ideia do frio, até da solidão.
A segurança sempre fora ponto essencial na vida. O estranho sentimento de estar sendo sempre observada, muitas vezes a incomodava, outras não.
Estava com uma certa tontura, talvez o cansaço, ou a ansiedade. Embrenhava-se em pensamentos de querer ser completamente alguém que habitava seu ser. Sim, este ser quase sempre era observador, inquieto, relutante... Mas, hoje estava apenas confuso. Assim como era olhar para a toalha de mesa toda quadriculadinha em preto e branco.
Pensava como aqueles quadrados, unidos lado a lado, ora eram a mistura de todas as cores, ora eram a ausência delas. E a toalha fazia-se longa e descia pela mesa e seus quadrados unidos, sempre solidários.
As cadeiras eram seis, formavam pares. E as pessoas imaginadamente ali sentadas? Formavam pares também.
Essencialmente tudo ali formava pares - os quadrados, as cadeiras, as pessoas. Mas, a mesa não! Aquele retângulo a acolhia, fazia-se necessário, era uma companhia.
De súbito, as paredes ficaram enormes, e o chão era quadriculado e também formava pares.

A Noz vista como Nós


Uma noz é como um cérebro, por que não estudá-la? Talvez todos os mistérios da vida estejam bem pertinho de nós.
Parte a casca, a calota craniana, da noz. Vê? Dois hemisférios com suas reentrâncias, veios, partes. – Vejo o cordão neural. Viro a noz e admiro a partezinha onde se encontra o cerebelo. Aí está! – Tenho o cérebro em minhas mãos. Posso decifrá-lo! De punho fechado, estou seguro. Presente, passado e futuro a mim pertencem.
Meu desejo é fatiar a noz, fico racional. Cada parte para o seu devido sentimento. Escolho para a dor um pedaço bem pequenino, afinal, se ela deve existir, que seja só em doses homeopáticas. A parte da razão?, parece estar maior do que deveria.
A certeza! Essa faço questão que seja a maior. A esperança subsequente. Paz, caridade, perdão. Deixo uma parte logo para o amor , gratidão, respeito.
Sobram fragmentos pequenos para os sentimentos ruins. Acho melhor deste jeito. Infelizmente eles ainda existem, mas que sejam os ínfimos.
Como disse, o da razão é de bom tamanho. Cá estou dividindo, somando e achando que tudo pode ser racional. Ou real?

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Sapatinhos da Dorothy faz Homenagem

Acabamos de fazer 2 meses com o blog, mais de 5.000 visitas, saudamos o Brasil, nossa Língua Portuguesa e, não fosse isso, somos lidos em outros países, o que muito nos orgulha, aleatoriamente, saudamos: Portugal, Angola, Japão, Dinamarca, Romênia, Espanha, Turquia, Panamá, Reino Unino, Estados Unidos, Itália, Suíça, Rússia, Luxemburgo, França, Alemanha, Ucrânia e Noruega.


Sapatinhos da Dorothy pelo Mundo - Sigam-nos

sábado, 25 de junho de 2011

The Bell Jar - A Redoma de Vidro

Abro esta crônica com a capa do livro A Redoma de Vidro, esta é especial para mim, pois trabalhei com esta edição e, por gosto meu, acho a capa mais linda de tantas que existem espalhadas pelo mundo, as quais foram traduzidas em diversas línguas. Esta é de tradução de Beatriz Horta. E a cada novo parágrafo ilustrei com capas de The Bell Jar, de Sylvia Plath.

The Bell Jar ou como uma das traduções A Redoma de Vidro, o próprio título do livro, essa redoma, é o objeto que protege, que mantém seu protegido sob a curiosidade alheia e o exclui. A autora metaforiza essa redoma como uma espécie de aprisionamento do sujeito, um descontentamento em relação ao próprio “eu” da personagem.
Quando se fala de The Bell Jar , a crítica especializada, salvo!,sem generalizar, o rotula como um romance autobiográfico, confessional devido a muitas passagens coincidentes entre o que a autora viveu e o que está na narrativa, diga-se, as tentativas de suicídio, a brilhante aluna que recebe bolsas, a editora de uma revista de Nova Iorque, o desgaste mental, as clínicas psiquiátricas entre outros acontecimentos que Sylvia Plath vivenciou e que transferiu para sua protagonista Esther Greenwood no romance.
O fato é que Sylvia o cunhou como um romance de ficção. E acredito que a palavra do autor deve ser levada em consideração. O mais importante é que Sylvia abordou temáticas diferenciadas para a época, por essa razão o livro se torna tão importante. O grande legado do romance de Sylvia foi anunciar alguns temas tabus que faziam, principalmente, jovens e mulheres se sentirem mais abertos aos assuntos inseridos na trama para se desdobrar na realidade desses leitores.
Sylvia, em The Bell Jar, explorou muito bem os ritos de passagem, a formação da personalidade do indivíduo, como também, uma vez formada, essa personalidade se deteriorava mentalmente, ou se dividia em outras personalidades, daí a dupla personalidade, um desvio, algum tipo de transtorno mental. Sylvia também contesta a univisão feminina da década de 50, onde a ascendência do feminino acontecia sob a forma de cursos para moças e iniciação ao casamento e posteriormente, a ser a dona de casa perfeita e mãe como consequência. O romance rejeita esse modelo de feminilidade e a tradição casamento/família. Se a sociedade havia criado seus costumes, o romance os descontrói. As expectativas dessa mesma sociedade romantizavam e glamourizavam os relacionamentos, homens e mulheres deveriam experimentar o romantismo, o que Sylvia mostra totalmente ao contrário na narrativa, sua personagem só encontrou hipocrisia, a brutalidade dos homens ou as desconfianças dos mesmos para com as mulheres, o que gerava todo um desconforto físico e crescente ao desgaste mental.
É desta forma que Sylvia faz soar em sua narrativa a campainha emergencial para a problemática feminina, ou seja, a mulher está presa em departamentos, ou é aluna brilhante, ou a esposa dedicada, a mãe perfeita ou a mulher submissa, sob sua ótica a mulher está sempre entre a polaridade de virgem ou prostituta, nunca a mulher em sua plena satisfação, seja como indivíduo ou em relação à sua sexualidade. O vazio de expectativas e o grito da convencionalidade da mulher americana caem por terra no romance. Sylvia prefere a pluralidade feminina, as várias identidades em uma só mulher.
O que salta do romance é a observação meticulosa que a autora faz sobre as instituições médicas ou psiquiatras, seria a eterna crítica, a narrativa informa os ambientes hostis, os médicos soberbos que são incapazes de saber ouvir a protagonista, que se submete a vários tratamentos insatisfatórios e dolorosos, a falta de sensibilidade dos médicos homens com pacientes mulheres, até mesmo o que Esther não acreditava existir, mulheres psiquiatras. Sylvia chama a atenção no romance sobre as terapias duvidosas, desumanizadas e, sobretudo, para a terapia de eletrochoque, que por um lado fazia com que sua Esther se esquecesse de coisas ruins ou que não usasse o corpo para automutilação, mas que por outro lado esvaziava sua mente e colocava sua inteligência à margem daqueles que não fazem mais parte da sociedade “sadia”.
Sylvia enriquece a narrativa dentro de seu ponto de vista como mulher, nem tudo é cinza ou sombrio, há também suas cores solares, a ironia, a graça, as sutilezas e humor ácido também pelas circunstâncias da época em que escreveu o romance. Foram vários olhares, centralizados e periféricos. Uns mais voltados para vários personagens, mas claro que o olhar centralizador é para Esther que transita na corda bamba, na ponte pêncil, no trampolim que, vez ou outra, a lança para dentro e fora dessa redoma!


Sandra Puff

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Richard Ashcroft [The Verve] Break the Night with Colour & Love is Noise

O Richard é desses caras que sabe onde pisa e sabe o que faz, esse londrino, primeiro, destacou-se na banda The Verve, nem precisava escolher nome melhor. Letrista, cantor, pianista. É o cara!, depois que o The Verve resolveu terminar, mais pela vontade do guitarrista da banda, que não vem ao caso agora...hehehe. Richard sempre se deu bem com os músicos do Cold Play, até participou do Live 8 e, em vários Festivais, como o Coachella.
O fato é que o The Verve ou Richard Ashcroft, agora, sempre flutuou entre o britpop, rock, música eletrônica e soul music, demais!
Nesse post tem Break  the Night with Colour com tradução pra sentir a letra e o compositor, lógico gravado em Abbey Road Studio.
E, em seguida, Love is Noise, um clipe lindo que fala que o amor, literalmente, é barulhento em todos os sentidos. Mas tem dois versos na letra que diz que " Em tempos modernos os pés irão calçar sapatinhos feitos na China".....entendeu?, Sapatinhos...e, além do mais o clip é lindo, tem uma parte pin up retrô, meio vintage, com ares moderníssimos, isso, superlativo!. É isso mesmo. Mr. Richard...


And Mr. Richard...

terça-feira, 21 de junho de 2011

Os Gatos e a Literatura 1 [Cheshire]



Na  Literatura nonsense de Alice no País das Maravilhas , a menina fica muito espantada com a presença repentina do gato Cheshire, que tem a capacidade de [des] aparecer quando quer. O gato nos move à possibilidade de ele ter sósias.
"O gato apenas sorriu quando viu Alice. Parecia de boa índole, ela pensou, mas não deixava de ter garras muito longas e um número respeitável de dentes, por isso ela sentiu que devia ser tratado com respeito. [...] Que tipo de pessoas vivem por aqui? - Nesta direção, disse o gato, girando  a pata direita. [...]
-Visite quem você quiser, são ambos loucos. - Mas eu não ando com louco, observou Alice. - Oh, você não tem como evitar, disse o gato - somos todos loucos por aqui. Eu sou louco, você é louca. - Como é que você sabe que eu sou louca?, disse Alice. - Você deve ser, disse o gato, senão, não teria vindo para cá. [...] Você me verá por lá, disse o gato e desapareceu. [...] Enquanto ainda estava olhando para o lugar onde o gato tinha estado, ele, de súbito, reapareceu. [...] Como pensei, disse o gato e desapareceu de novo". p.84-86.
Do Livro: Alice no País das Maravilhas, de Charles Lutwidge Dodgson - Pseudônimo: Lewis Carrol

Os Gatos e a Literatura


Vamos falar de Gatos?
Charles Baudelaire ao fazer um poema chamado Cats demonstra afeição ao gato, animal místico em seu olhar, assim o cita. O gato é por excelência introspectivo, astuto, dinâmico, silencioso e também uma companhia. Os felinos, em geral, são adorados assim como os cães. São inúmeras raças, coloração, pelagem e histórias, superstições ou crendices a respeito do gato, em particular, ao gato preto.
A França é famosa pelos seus gatos pretos, conhecidos como “Chat Noir”, a figura de um gato preto, inspirados por Edgar Allan Poe e Baudelaire, foi a inspiração na Art Decó, o qual faz parte da cultura francesa e o nome de um cabaré famoso, chamado Chat Noir, o artista Théophile-Alexandre Steinlen estilizou em um pôster publicitário o gato negro que ainda hoje é comercializado em postais, quadros e outras lembranças de Paris.


Porém, nem sempre foi assim. A França adquiriu um hábito sinistro no século XVI, na festa de São João era costume reunir uma ou duas dúzias de gatos vivos, colocá-los em um saco numa forca e queimá-los vivos.
O misticismo em torno do gato preto já decorre do tempo dos egípcios. Eram adorados e mumificados devido a sua grande importância nesta civilização. Na mitologia egípcia o gato assume a forma de uma deusa no nascimento de Ísis e Osíris, Geb e Nut, entidades representativas da Terra e Céu, pretendiam se unir, e esse acontecimento contou com a inspiração de uma deusa felina.


Os gregos não lhe deram importância. Na Pérsia acreditava-se que ao maltratar um gato preto, o homem estaria maltratando a sim mesmo. O gato preto está relacionado a várias superstições e crenças, e associados a diferentes tipos de sortilégios.
Foi na Idade Média que o gato preto é perseguido por acreditarem que eram feiticeiras, bruxas transformadas no animal, nesse período também relacionaram que, se o gato fosse preto, o mesmo trazia azar, era diabólico e tinham relações com seres do mau.


O gato tem hábitos noturnos, vagam e habitam uma esfera mística na noite, seus olhos misteriosos e atentos sinalizam uma frieza, fitam intensivamente e furtivos o que lhes interessa. São auto-suficientes, na maioria das vezes ignoram os donos, estes o procuram para afagos e não o contrário como os cães.
Podemos dizer que o gato é um narcisista, está sempre se lambendo, limpando seus pelos, passam uma imagem elegante e longilíneos e parecem que o sabem que são belos, sutis e sofisticados. Considerados ambíguos, demonstram pensamentos secretos, sinistros e estão sempre de guarda ou à espreita. É um ser atemporal, viajante no tempo.


Foi com Charles Baudelaire e Edgar Allan Poe que readquiriram o prestígio dos tempos egípcios. Seus movimentos insinuantes e o brilho de seus olhos penetrantes na noite fazem dele uma personificação do mal com poderes sobrenaturais. Os gatos pretos, ou claros em minoria, estão associados a superstições, crenças populares, a bons ou maus presságios, à sorte, a pessoas doentes ou moribundos, à vida após a morte, toda espécie de bruxaria, tumbas e uma lista variada dentro de cada cultura.
O gato é o animal dos sentidos apuradíssimos e sempre estará nessa polaridade entre o bem ou o mal.
Por isso, vamos aqui, dar créditos aos gatos, tendo eles a personalidade que tiverem, ou tendo essa mística ou não envolto a eles e brindá-los com alguns gatos importantes da Literatura. Começamos com o gato de Alice e segue a lista.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Adele: Jazz Session & Soul & Rock & Blues


Amigos, não serei nada literária, seria musicista se assim me fosse permitido, mas percebe o verbo, se fosse, o modo subjuntivo, irreal, logo sou uma admiradora da boa música, uma jazz session, um blues, uma soul music, mas esses ritmos fazem parte da alma, sou uma modernista também, e adoro música e letra que me digam algo. Tenho interesse nos artistas que deixam suas marcas na história e não desmereço aqueles que bebem da fonte boa. É o caso de Adele que se inspira no R&B, Rock Soul com nuances Jazzísticas intrinsicamente enraizada no Blues Elétricos fundado em Chicago.
A inglesa Adele já não é novidade [vide 2008], mas fica aqui um nome que não sairá fácil da minha lista. Veja, ao vivo e o clip.




segunda-feira, 13 de junho de 2011

Filmes & Livros & Music...


Olá, amiguinhos do blog Sapatinhos da Dorothy ....mamãe contou que tenho recebido vários elogios: -- Muitíssimo Obrigado, dessa forma sei o quanto somos amados!
Temos ainda mais leitores, dos países já citados em um dos meus posts anteriores, somam-se no Japão, Romênia, Rússia, Suíça, França e Luxemburgo. Nossas leituras, comentários atravessando oceano, aliás para a Literatura não existe barreira geográfica, limite de idade, tudo é e tão somente sabedoria nas palavras, sonhos nos textos, alegria para nossos sentidos! Foi mamãe quem falou.
Por isso, foi adicionado uma lista de Filmes, Livros e Music [diga-se artistas solos e bandas], pois um filme já foi roteiro, livros já foram palavras e músicas sempre terão letras, mesmo só as instrumentais são feitas de signos linguísticos.
Todos os itens dessa lista já foram vistos, lidos e ouvidos pela Sandra. Confira, se você já se identificou com algum filme, livro ou artista/banda, comente aqui. E a lista cresce....
Uma Boa Semana!

quinta-feira, 2 de junho de 2011

U2 e Reeve Carney [Spyder Man]

Eu sempre gostei demais de U2, nunca vou esquecer a vez que ganhei de surpresa, não que eu goste de surpresas, aliás, sempre tive medo de surpresas, mas voltando, foi surpreendente e inesperado, ganhei ingressos para o Mega Show do U2 no Brasil, foi a primeira vez que apareceram aqui. Inesquecível.
Outro dia vi uma apresentação ao vivo na TV e o U2 deu o ar da graça, na verdade, Bono e The Edge e o que chamou minha atenção é que estavam acompanhados de um ator da Broadway, que interpreta o Spyder Man e também é músico, chamado Reeve Carney, achei demais de bom o trio. Divido aqui com vocês!




quarta-feira, 1 de junho de 2011

Hanami - Cerejeiras em Flor


Cerejeiras em Flor, produção alemã e francesa, usa como pano de fundo o Japão e suas belas paisagens e porque não dizer suas belas floradas em épocas de sakura, a semana festiva que celebra a flor da cerejeira. Com um cenário e fotografia belíssimos o roteiro desenrola-se em torno do casal que mora na Alemanha e decide ir para Berlim. Após um fato que mudará a vida de ambos, um deles decide que é hora de mudar os planos, viajar, ir para o Japão, porém, um dos dois não sabe o porquê dessa viagem tão repentina e fora do usual.


Trata-se de um drama que nas mãos certas ganhou leveza, passagens humoradas. É um filme delicado, que vai além dos olhos e coração.