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segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Sarau das Bruxas


Sarau das Bruxas


Salve! Franklin Cascaes



Chá de Erva Cidreira, Chá de Camomila, Capim Limão, - Tudo isso é para ficar bonita, - desintoxica, acalma a pele, acaba com as olheiras. – E tudo isso é para hoje à noite. Vamos ter um Sarau, - Sempre gostei de sarau, de ver, não declamar, apenas ver. Mas, voltando aos chás, sei tudo sobre isso, para que servem, em que momento tomá-los, em que momento servi-los. Ser uma conhecedora da flora há um bom tempo poderia ser tão perigoso quando tomar Chá de Beladona ou ingerir Láudano.
Colha pétalas de rosa vermelha e faça um chá suave e adicione um pouquinho de açúcar. Este é para beber. Mas se quiser ter cabelos bonitos, faça o mesmo, um pouquinho mais forte e sem açúcar. Depois dos cabelos lavados derrame o chá de rosas vermelhas e deixe secar naturalmente. Se desejar cabelos mais bonitos ainda, adicione pétalas de rosa branca. Isto era segredo, fiz hoje, vou a um sarau. Fiquei sabendo que muita gente vai. Algumas amigas minhas que se dizem amigas vão também.
Você já reparou as diferenças entre borboletas e mariposas? As borboletas são diurnas, conhecem as flores, a fauna, são delicadas, voam para onde desejarem. Espalham cor, pó de prata, colorido, ou podia dizer pó de asas de borboletas para os olhos...enfeites.
As mariposas são noturnas, conhecem muito bem a fauna, só sabem o colorido das flores pelo odor que elas exalam, de uma certa maneira também são delicadas, voam pela noite acompanhadas pela luz da Lua. Suas asas são formadas por pequeninas escamas de cores apagadas, acinzentadas, parecendo uma espécie de “casaquinho de pele” para mariposas. Elas não sabem, mas são a própria sombra das bruxas que pelo dia andam na pele de mulheres bonitas. A verdade é que detestam suas imagens, sejam de si ou das amigas mariposas/bruxas.
Noite de Sarau!, durante o dia as borboletas consumiram algumas seivas de flores, bateram asas espalhando um pouco de pó. Às vezes o mínimo é o bastante. Suavemente coloridas e básicas foram convidadas para o sarau. E as mariposas também vão!, É claro que irão com seus velhos casaquinhos de pele acinzentados. Mariposas de todas as espécies, quase sem nenhuma cor, estarão lá. Diz algumas lendas que antes de irem ao sarau passam nas casas de recém-nascidos que ainda não foram batizados. Entram sorrateiras por alguma frestinha, uma janelinha descuidadamente aberta e no menor dos descuidos estão perto do bercinho a observar o bebê, que de tão assustado com a aparência que tomam as mariposas não param de chorar. Enquanto não aniquilam os pequeninos, não desistem. Algumas mães precavidas colocam tesouras abertas debaixo dos travesseiros para espantá-las. Colocam também alhos, figas, patuás...- para ajudar um pouco mais. Caso uma mãe desprevenida não faça isso, -ai!, o mal está feito – vão ao sarau/sabbath festejar. De que maneira as mariposas/bruxas festejam seria muito importuno falar.
Chegado o sarau!, a Borboleta-Coruja está lá. Conhecida também como borboleta Olho-de-Boi, Azulão ou cientificamente falando, “Calígulos”, ou só Caligo. Diz-se que é um homem que foi embruxado na borboleta. Chega a noite e espertamente abre suas asas e coloca-se de cabeça para baixo dando a impressão de ser uma coruja com seus falsos olhos arregalados muito atento aos movimentos da noite. De súbito, volta à forma humana!
O sarau começou, gargalhadas e uivos vindos do noturno só assustam aqueles que não tem mãos dadas com os ritos. Mulheres em pele de borboleta, bruxas em pele de mariposas e o homem bonito a declamar poesias insípidas. A escuridão e o desconhecido chegam abraçados. Todos perdem suas consciências.
Chá de Anis Estrelado, Baunilha, Flor de Laranjeira, pétalas de Flor de Boa Noite...para um Bom Dia!


Sandra Puff






quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Aniversário de Sylvia Plath


Sylvia Plath  - 27 de outubro de 1932 

Hoje seria mais um aniversário da Lady Lazarus, da mulher que renasceu, multiplicou-se em outras, se multifacetou, se pluralizou na vida e nas obras. Salve!



Lady Lazarus*

Tentei outra vez.
Um ano em cada dez
Eu dou um jeito -

Um tipo de milagre ambulante, minha pele
Brilha como abajur nazista, [Bright as a Nazi lampshade]**

Meu pé direito
Peso de papel,
Meu rosto inexpressivo
Linho judeu. [Jew linen]***


Dispa o pano
Oh, meu inimigo.
Eu te aterrorizo? -

O nariz, as covas dos olhos, a dentadura toda?
O hálito amargo
Desaparece num dia.

Em muito breve a carne,
Que a caverna carcomeu vai estar
Pra casa, em mim.

E eu uma mulher sempre sorrindo.
Tenho apenas trinta anos.
E como o gato, nove vidas para morrer.

Esta é a Número Três.
Que besteira
Aniquilar-se a cada década.

Lady Lazarus ( 2 )

Um milhão de filamentos.
A multidão, comendo amendoins,
Se aglomera para ver

Desenfaixarem minhas mãos e meus pés -
O grande striptease.
Senhoras e senhores,

Eis minhas mãos,
Meus joelhos.
Posso ser só pele e osso,
No entanto sou a mesma, idêntica mulher.
Tinha dez anos na primeira vez.
Foi acidente.

Na segunda quis
Ir até o fundo e nunca mais voltar.
Oscilei, fechada

Como uma concha do mar.
Tiveram que chamar e chamar
E tirar os vermes de mim como pérolas grudentas.

Morrer
É uma arte, como tudo o mais.
Nisso sou excepcional.

Desse jeito faço parecer infernal.
Desse jeito faço parecer real.
Vão dizer que tenho vocação.

É muito fácil fazer isso numa cela.
É muito fácil fazer isso e ficar nela.
É o teatral

Lady Lazarus ( 3 )

Regresso em plena luz do sol
Ao mesmo local, ao mesmo rosto, ao mesmo grito
Aflito e brutal:

"Milagre!"
Que me deixa mal.
Há um preço

Para olhar minhas cicatrizes, há um preço
Para ouvir meu coração -
Ele bate, afinal.

E há um preço, um preço muito alto
Para cada palavra ou cada toque
Ou mancha de sangue

Ou um pedaço de meu cabelo ou de minhas roupas.
E aí, Herr Doktor.
E aí, Herr Inimigo.

Sou sua obra-prima,
Sou seu tesouro,
O bebê de ouro puro

Que se funde num grito.
Me viro e carbonizo.
Não pense que subestimo sua grande preocupação.

Cinza, cinzas -
Você fuça e atiça.
Carne, ossos, não há nada ali -

Barra de sabão,
Anel de casamento,
Obturação de ouro.

Lady Lazarus ( 4 )

Herr Deus, Herr Lúcifer,
Cuidado.
Cuidado.

Renascida das cinzas
Me levanto com meu cabelo ruivo
E devoro homens como ar.


[S.P]


*Notas: Lady Lazarus: 23-29 de outubro de 1962. Plath: "O narrador é uma mulher que possui o grande e terrível dom de renascer. O único problema é que ela tem de morrer primeiro. Ela é a Fênix, o Espírito Libertário, o que você quiser. É também uma mulher bem-sucedida, boa e honesta". Nazi lampshade,** Jew linem*** ( abajur nazista, linho judeu): além de referências a suas tentativas de suicídio, são cada vez mais presentes em sua poesia imagens do Holocausto e da sina dos judeus, aqui fundida, na pele de uma stripper, com a passagem de Lázaro, na Bíblia, ressucitado por Cristo depois de três dias morto numa cova.
Do livro Ariel, edição restaurada, 2007, págs, 201-202.[Ipsis litteris]

Sandra Puff

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Greatest Hits

Com os seis meses do Blog Sapatinhos da Dorothy, que fez dia 17/10, decidi fazer um playlist de vídeos que de alguma forma me fazem feliz. Adoro música, para emocionar, para esperar o sono chegar, para diversão, reflexão, para saber o que acontece no mundo através dessa Arte.
Começo com Ave Maria na voz de Dolores O`Riordan, do grupo irlandês Cranberries, existe música mais linda do que Ave Maria?


Quem lembra do filme História sem Fim? Acredito que marcou uma geração, a música Never Ending Story, do cantor inglês Limahl ficou atrelada ao filme. Na época o inglês nem era obrigatório nas escolas e com o dicionário na mão traduzia a letra, alguns versos: "Os espelhos dos seus sonhos... / Escritos nas páginas.../ Alcance as estrelas.../ Não mostre medo para ele poder desaparecer.../ É a resposta a uma história sem fim".



Não posso evitar, adoro a Madonna!, principalmente nesse vídeo La Isla Bonita, do tempo em que se fazia um clip com recursos simples, esse com ares gipsy, violão espanhol, o sagrado e o profano se dissipam no olhar belíssimo da minha ainda diva!


Depois disso a coisa desanda e todos estilos fazem a diferença, como o Roxy Music, na voz de Brian Ferry cantando More Than This e nos passinhos de dança estranhos, mas era o glamour dos anos 60 e do avant guard na Pop Art.


Adoro o vídeo do Chemical Brothers, Elektrobank, especialmente porque a protagonista é Sofia Coppola no tablado da ginástica,  atualmente,  diretora de cinema , filha do Francis Ford Coppola, o poderoso chefão do cinema!



Nunca esqueço o dia em que comprei o cd de Vanessa Mae para ouvir Theme From Caravans ao som do violino fantástico recém saído de um dos contos das Mil e Uma Noites, lindíssimo.



Atualmente, eu tenho ouvido muito MGMT, uma banda novaiorquina, trazem um som que me lembra, pelos sintetizadores alguma coisa, até dos figurinos de outros clips, um seriado, [não me recordo o nome], em que o herói falava com os deuses...heheheh. Mas essa música, Time to Pretend, a banda fez da inspiração do barulho de um grilo de estimação de alguém do grupo..rs



Adoro um clip protesto...[...], o duo The Last Shadow Puppets, no vídeo The Age Of The Understatement faz bonito.



Ainda os atuais, não tão atuais assim, Air, um duo também, gênios dos eletrônicos e sintetizadores, aqui com Kelly Watch The Stars, adorooo.



Se no meu playlist está Brain Ferry não poderia faltar David Bowie, dois ícones da Cultura Pop, fecho os 10 vídeos que escolhi com Absolute Beginners e, como diz o título dessa música - sou apenas uma principiante.



Sandra Puff

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Ariel - Edição Restaurada - Sylvia Plath




Sobre um Testemunho: A Tácita dos Deuses 1

O silêncio me deprimiu.
Não era o silêncio do silêncio.
Era o meu próprio silêncio.2

Em Ariel3, lançado em 1965 recebeu um relançamento em 2004 como Ariel: edição restaurada, ou seja, veio a público a edição tal qual Sylvia Plath preparou, diferentemente da edição póstuma organizada por Ted Hughes que havia eliminado do original treze poemas e incluiu outros treze, fato é que Ted delimitou os eliminados e os rotulou de agressivos. Essa edição restaurada foi simultaneamente lançada nos Estados Unidos e Inglaterra e tem como fato mais curioso e importante o fac-símile do jeito que Sylvia Plath datilografou e organizou seus manuscritos originais. Nesses manuscritos Ariel and other poems tem outros títulos, ou seja, Sylvia teria optado por DADDY and other poems e mais uma vez ela repete esse segundo título com algum subtítulo rabiscado e por fim escolheu, Ariel and other poems e os dedicou para Frieda e Nicholas. O primeiro poema, Morning Song, escrito em 19 de fevereiro de 1961 foi escrito para Frieda Rebecca.
O fato de Sylvia dedicar o poema para a filha pode não parecer nenhuma novidade, aliás, os pais homenageiam seus filhos de muitas formas e esse foi um ato de generosidade da poeta – mãe à filha. O que pode não ser novidade é o prefácio do livro escrito por Frieda Hughes, formada em Artes, poeta, pintora, na idade de seus quarenta e oito anos.
Frieda Rebecca Hughes
Numa espécie de testemunho ao público, Frieda desmonta o Ariel anterior e diz que essa edição restaurada segue exatamente a ordem dos poemas deixados pela mãe, e como filha só há de olhar pela ótica da examinação e a da divergência em relação à primeira publicação no Reino Unido em 1965 e subsequente nos Estados Unidos em 1966. Frieda Hughes frisa que as duas edições foram publicadas puramente pela perspectiva pessoal de Ted Hughes dentro de uma esfera familiar e lembra:
Quando cometeu suicídio, em 11 de fevereiro de 1963, minha mãe deixou uma pasta preta sobre sua escrivaninha, contendo um manuscrito com quarenta poemas. Ela provavelmente tenha trabalhado pela última vez na ordenação do manuscrito na metade de novembro de 1962. ‘Morte & Cia’., escrito no dia 14 daquele mês, foi o último poema a ser incluído em sua lista. Ela escreveu mais dezenove poemas antes de morrer, seis dos quais terminou antes de nossa mudança de Devon para Londres, em 12 de dezembro, e os outros treze nas últimas oito semanas de vida. […] A primeira página do manuscrito, sobriamente datilografada, dá como título da coleção Ariel e outros poemas. Nas duas folhas que se seguem, títulos alternativos foram tentados, então sucessivamente riscados e uma substituição escrita à mão acima deles. Em uma folha, o título foi alterado de Rival para Um presente de aniversário e então para Papai. Em outra, o título mudou de Rival para O caçador de coelhos, a seguir para Um presente de aniversário e finalmente para Papai. Esses novos títulos estão em ordem cronológica (julho de 1961, maio de 1962, setembro de 1962 e outubro de 1962) e dão a ideia de possíveis datas anteriores de reorganização do manuscrito.”4

Mesmo que houve supressões de poemas por parte de Ted e enxerto de outros, fato é que Hughes teve um cuidado especial nas edições. Havia muitas opções para compor Ariel devido a trabalhos anteriores deixados como The Colossus de 1960, mas foi a partir de 1961 que muitos poemas ganharam voz, segundo Frieda:
Possuíam uma urgência, uma liberdade e uma força muito novas no trabalho dela. Em outubro de 1961 surgiram A lua e o teixo, Pequena fuga, segue-se Uma aparição, em abril de 1962. [...] os poemas que ela escreveu tinham voz distinta de Ariel.
São poemas de paisagem sobrenatural, ameaçadora”5.

Frieda conta que depois disso, Sylvia ainda escreveu outros poemas, “momentos de perfeito equilíbrio poético, tranquilidade e melancolia – a calmaria depois da tempestade” 6. Além de que Sylvia passara a escrever com frequência e muita facilidade. O ano de 1962 foi muito produtivo para Sylvia Plath, mas Frieda nos revela fatos que enquanto criança viveu em meio a um turbilhão chamado Sylvia/Ted. Ao relatar a passagem sobre a viagem que o pai havia feito a Londres em junho de 1962, Frieda diz:
Meu pai iniciou um caso com uma mulher que havia despertado o ciúme de minha mãe um mês antes. Ao tomar conhecimento do caso, minha mãe ficou furiosa. Em julho, a mãe dela, Aurélia, veio a Court Green, nossa casa em Devon, para uma longa visita. A tensão aumentou entre meus pais, e minha mãe propôs a separação, embora tenham viajado juntos a Galway naquele setembro para procurar uma casa onde ela pudesse passar o inverno. No início de outubro com o encorajamento de Aurélia (cujos esforços testemunhei como criança), minha mãe expulsou meu pai de casa.
Meu pai foi para Londres, onde primeiro ficou com amigos e, perto do Natal, alugou um apartamento no Soho. Muitos anos mais tarde ele me contou que, apesar da aparente determinação dela, achava que minha mãe pudesse reconsiderar. ‘Estávamos trabalhando para isso quando ela morreu’, ele disse.
Não querendo a casa em Galway, minha mãe se mudou para Londres comigo e com meu irmão em dezembro de 1962, para o apartamento que havia sido de Yeats, na Fitzroy Road. Até a morte dela, meu pai nos visitou lá quase que diariamente, cuidando de nós sempre que ela necessitava de tempo para si mesma. [...], meu pai deixara para ela a casa em Devon, a conta bancária conjunta, o Morris Traveller preto (o carro deles), e lhe dava dinheiro para nos sustentar. Quando ela morreu, ele não tinha como pagar o funeral, e meu avô, William Hughes, cuidou de tudo.”7

O testemunho de Frieda fala sobre a trajetória de Plath como autora, porém sem esquecer que ela tinha uma vida real, não era peça de um tabuleiro de xadrez, objetivo, ou uma de suas personagens, seja na poesia ou na prosa. Sylvia pode ser chamada de diva, mito, doente, artificial, ou qualquer outro adjetivo, porém sabemos que Sylvia Plath era humana e como tal, um ser dual com suas metades, como a própria autora falou:
Nem somos duas pessoas. Muito antes de nos conhecermos éramos só duas metades andando por ai com grandes espaços vazios no formato da outra pessoa. E quando nos encontramos finalmente nos completamos. Mas foi como se não suportássemos sermos felizes e então, nós nos dividimos ao meio outra vez.8

Frieda descreve o comportamento da mãe em várias ocasiões, uma dessas passagens diz respeito ao fato em que Sylvia e Ted viviam juntos:
Minha mãe mostrava seus poemas a meu pai enquanto os escrevia. Mas, depois de maio de 1962, quando suas sérias divergências começaram, ela os guardava para si. Meu pai leu ‘Evento’ no Observer, naquele inverno, e ficou chocado ao ver seus assuntos particulares se tornarem tema de um poema. Minha mãe havia delineado o manuscrito de Ariel começando com a palavra ‘amor’ e terminando com a palavra ‘primavera’, e ele foi claramente ajustado para abranger o período entre quase o término do casamento e a decisão sobre uma vida nova, com todas as agonias e fúrias no meio do caminho. O fim do casamento definiu todas as outras dores de minha mãe e as direcionou. [...] Em dezembro de 1962, minha mãe foi convidada pela rádio BBC para ler alguns de seus poemas, e para isso escreveu suas próprias introduções. Seus comentários foram secos e breves, e ela não fez referência a si mesma como personagem dos poemas. Ela podia até se expor, mas não precisava ser tão clara. Gosto particularmente de dois desses comentários: ‘Neste próximo poema, o cavalo da pessoa que fala está descendo, divagar e frio, uma colina com trilha de macadame, indo para o estábulo ao sopé. É dezembro. Está nublado. Na neblina há ovelhas’. (‘ovelhas na névoa’, embora seja um dos poemas que ela incluiu na transmissão com os poemas de Ariel, não estava relacionado na página do sumário do manuscrito – foi concluído em janeiro de 1963. Meu pai o incluiu na primeira versão publicada de Ariel.) Sobre o poema – título, minha mãe escreveu simplesmente: ‘Outro poema sobre equitação, este chamado’, Ariel ‘em homenagem a um cavalo de que gosto especialmente’.
Essas introduções me fizeram sorrir: são os comentários mais modestos possíveis sobre poemas de imagens veementes e feitos com incrível habilidade. Quando as li, imaginei minha mãe relutante em enfraquecer com explicações a energia concentrada que havia derramado em seus versos, a fim de preservar a destreza deles em chocar e surpreender. [...] Achava que alguns dos dezenove últimos poemas, escritos depois de o manuscrito estar completo, deveriam estar representados. ‘Eu simplesmente quis fazer dele o melhor livro que pude’, meu pai me contou. Sabia que muitos poemas novos de minha mãe haviam sido rejeitados por revistas, por causa de sua natureza extrema, embora os editores os tenham publicado rapidamente quando ela morreu.”9

Frieda relata do respeito que seu pai tinha por sua mãe e diz que apesar de tudo o pai foi alvo das fúrias da mãe. E lembra ainda que toda a dor, angústia da mãe ao se matar, foram absorvidos por estranhos que viram nos poemas de Ariel uma espécie de calúnia que Sylvia fizera a Ted, “a crítica a meu pai foi feita mesmo em relação à posse dos direitos autorais de minha mãe, que couberam a ele na morte dela e que ele usou para beneficiar diretamente a mim e a meu irmão”.10
Este testemunho de Frieda traz à tona seus pais sob a perspectiva de filha que foi amada pela mãe, assistida pelo pai. Ora a filha enobrece o pai, ora a vez da mãe. E o mais importante disso tudo é que com essas histórias os fãs de Sylvia podem tirar suas conclusões, cada um a sua maneira, porque convenhamos, há muitas controvérsias, muitos estudos dissecaram o post-mortem Sylvia, quase uma obsessão da vida em troca de seus escritos. O que vale a obra que fica? Quanto a morte pode ultrapassar qualquer ato de doação da escrita em vida? Fica um silêncio gritante, um hiato para a escrita, uma pausa para a música, uma exclusão de palavras e significados, o segredo, a Tácita para os Deuses, o estar só consigo mesmo, e mais que tudo são os ruídos que não calam, ou seja, os críticos, a mídia, as pesquisas, os familiares. Frieda reclama a celebração de Sylvia Plath em vida, ela nos diz:
Eu não queria que a morte de minha mãe fosse comemorada como se fosse um prêmio. Eu queria que sua vida fosse celebrada, o fato de ela ter existido, vivido até o limite de suas possibilidades, por ter sido feliz e triste, atormentada e extasiada, e ter dado à luz a mim e a meu irmão. Acho que minha mãe foi extraordinária em seu trabalho e corajosa em sua luta contra a depressão que a perseguiu por toda a vida. Ela usou cada experiência emocional como se fosse um retalho que pudesse ser reunido para fazer um vestido maravilhoso; não desperdiçou nada do que sentia e, quando no controle desses sentimentos tumultuados, conseguia focar sua energia poética e dirigi-la para obter um grande efeito. E aí estava Ariel, sua realização extraordinária, equilibrada, como ela, entre um estado emocional volátil e a beira do precipício. A arte era não despencar”.11


Sandra Puff

REFERÊNCIAS
1 Os romanos consagravam a essa deusa o dia 20 de fevereiro. Mês de fevereiro – 11 – Suicídio de Plath.
2 PLATH, Sylvia. A redoma de vidro. Op. cit., 1999, p. 26.
3 PLATH, Sylvia. Ariel. Op. cit., 1965.
4 HUGHES, Frieda. Prefácio. In: PLATH, Sylvia. Ariel. Edição restaurada. Tradução de Rodrigo Garcia Lopes e Maria Cristina Lenz e Macedo. Campinas: Verus, 2007, p. 14.
5 HUGHES, Frieda. Prefácio. In: PLATH, Sylvia. Ariel. Idem, 2007, p. 14.
6 HUGHES, Frieda. Prefácio. In: PLATH, Sylvia. Ariel. Idem, 2007, p. 14.
7 HUGHES, Frieda. Prefácio. In: PLATH, Sylvia. Ariel. Ibid., 2007, p. 15-16.
8 Fala da personagem no filme, SYLVIA – Paixão Além das Palavras. Direção de Christina Jeff. Gênero: drama. 2003. UK. Título original: Sylvia/The Beekeeper’s Daugther/Ted and Sylvia. (110 min).
9 HUGHES, Frieda. Prefácio. In: PLATH, Sylvia. Ariel. Op. cit., 2007, p. 16-17.
10 HUGHES, Frieda. Prefácio. In: PLATH, Sylvia. Ariel. Ibid., 2007, p. 19.
11 HUGHES, Frieda. Prefácio. In: PLATH, Sylvia. Ariel. Ibid., 2007, p. 21.


terça-feira, 11 de outubro de 2011

Pontos de Vista


Recebi de minha amiga Carla Ceres, escritora, do Blog  "Algo Além dos Livros", 
http://carlaceres.blogspot.com/ , um convite para participar de uma dinâmica chamada: Uma lista ilustrada de 10 coisas das quais não gosto.
Essa dinâmica também requer passar o convite adiante para 10 pessoas, [Blogs] para que participem. Os nomes que já tenham participado ou já receberam o convite, ficam isentos. Para os que não desejam participar, não há obrigatoriedade, porém os nomes escolhidos, com certeza teriam bons pontos de vista.
Lista dos Blogs:

1. Leninha, do Tudo a Ver
2. Clara, do Simples e Clara
3. Celina, do Colheita de Girassóis
4. Silvia Ordonhes, do Cantinho Forno e Fogão
5. Suzy Rhoden, do Suzy Rhoden
6. Patrícia Pinna, do Redescobrindo a Alma 
7. Olinda, do Xaile de Seda
8. Isa Mar, do Vale do Sol Encantado 
9. Calu, do Fractais da Calu
10. Dulce, do Prosa e Verso
Em minha lista há itens de ordem pessoal e social dispostos aleatoriamente e não por ordem de maior importância.


Falar ao Telefone

Salada de Batatas com Maionese


Azeites e Óleos [ arghhh ]


Descaso com a Criança e o Adolescente


Violência contra Animais

Pré Julgamento


Poluição Sonora


Pessoas que Falam Alto na Rua ou no Celular



Gêneros Musicais Ruins [ para mim]

Atendimento Ruim no Pós Venda

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

INEP - ENEM - Novas Regras na Redação


E agora José?
É, redação é coisa para se guardar no lado esquerdo do peito...[...], desculpe a licença poética, mas não é nada disso.
Redação é igual ao gerúndio, ninguém gosta [eu gosto], mas o que o gerúndio, coitado, tem com isso? Na verdade o gerúndio é uma forma nominal invariável dos verbos, advém do ablativo latino, ou seja, verbo com desinência ou terminação em ndo, exemplos: nadando, escrevendo.

Nadar se aprende nadando.
Escrever se aprende escrevendo. E você está treinando para o Vestibular?

E para escrever a redação dissertativa - argumentativa você precisa ir treinando, certo? Existem as fórmulas, ou as técnicas dissertativas, as quais podem ser usadas como norteadoras de sua redação, porém não adianta fórmula, técnica sem treino, aperfeiçoamento. Inclusive não esqueça que para fazer uma boa redação há que ler bastante, de tudo um pouco e se concentrar nos temas atuais.
Peça ao seu professor as técnicas para fazer uma boa redação, ou investigue você mesmo, ainda há tempo!

1. Prós e Contras;
2. Enumeração;
3. Causas e Consequências

E tem outras, porém com uma dessas três você vai se identificar e se fixar em um eixo, em uma meta para o treino e sucesso de sua redação. Vá treinando.

Veja o vídeo informativo das mudanças na Redação Enem 2011.

Sandra Puff