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segunda-feira, 25 de julho de 2011

Sobre uma Pintura...


[O quadro acima é de minha autoria,  do tempo em que eu pintava com tinta óleo, esta tela que me inspirou está com minha irmã. Esse conto ganhou o primeiro lugar em um concurso realizado em todas as Escolas Catarinenses].

Sobre uma pintura...
O quadro na parede me levava a crer que os dons artísticos de uma pessoa, não são meramente artísticos, ou mais que isso, na filosofia do dom, é o que vem conosco. Uma herança? De qual geração?[ou vida?].
O fundo azul profundo. Que mergulho no inconsciente. Que salto no escuro! Da imensidão das galáxias, quero alçar voo por onde desconheço, mergulhar onde estamos tranquilos. Só eu e o azul, o imenso, onde minha voz produz ecos. Porque na textura da tela, pode ser sim considerado elevações de nossos altos e baixos.
Caio numa forma cônica, com seus brancos sujos, amarelado, um quê certo de ser Nápoles, e ainda a luz maior me indica a suavidade do toque. É flor, e no miolo vejo um único pistilo e, entranhado de aspereza, fez-me lembrar as terras secas, estéreis, mas que na formosura separa-se completamente, pois este tem vida.
Reconheço a Sombra Natural, um pouco de Terra de Siena... Tá ficando frio aqui, um vento gelado sopra meus cabelos, o ar fica seco. Preciso me envolver na suavidade da seiva que está naquele Verde Vessi, pois assim trarei de volta a umidade tão necessária quanto uma chuva em dias de verão.
Olho tudo, a imensidão das folhagens, das estruturas gigantes cônicas, umas fechadas. Posso até visualizar o movimento da abertura do botão transformando-se na flor. Parece uma borboleta que acabou de abrir suas asas. É o nascer.
Com tanto agito, movimento, o calor das cores todas misturadas, trouxe-me agora um certo desejo de mergulhar naquele vaso, um aquário translúcido. Agora sim começa a exploração. A água tão transparente mistura-se com raios solares e confunde as cores.
Segundos antes, texturas desérticas, agora refrescada aquaticamente e decifrando os tons, brincando com as formas que meus cabelos desenham. Nos raios de sol, nas gotinhas da parede, o prisma iluminando o ambiente, - Carmim Alizarim, muito quente!!!, - Magenta, um pouco mais suave, - Azul da Prússia, ufa! Equilibrando o ambiente, voltando ao natural ao deparar-me com uns matizes um pouco mais diluídos.
Depois de uns mergulhos hora de caminhar um pouco, secar minhas roupas. Quem sabe andar sobre as folhas? Em seus veios há muitas direções a tomar, muito que decidir.
O relógio dispara seus ponteiros, devo ter me ausentado horas!, E como era conhecedora daquele quadro. Por um momento acreditei que estava fora muito tempo, mas quando voltei a mim, passaram-se só cinco minutos..., E o quadro...? Havia pintado eu mesma, cerca de um ano e meio atrás. Esta tela., a qual eu chamava Copos-de-Leite.

Um comentário:

  1. Querida Sandra
    O texto é lindo e a obra de arte a qual voce cita está aqui em casa. O quadro que voce mesma pintou com tanto esmero. Voce mora no meu coração.
    Coloca a foto do quadro no blog.
    Beijão irmã querida.

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